A Geração 2000 contra o caos total (parte 110)

- Posição 2004: você lembra de mais alguma coisa?
- Tinha um trabalho com um bloco de gelo numa mesa, e você podia manipular ele com ferramentas de alumínio, e fazer uns sons muito doidos! Eu também lembro de uma piada bem glacial: um retrato de um homem desconhecido, acho que sem título, feito em crochê. Um dia, alguém visitando a exposição olhou e disse que era o Mohammed Atta, um dos pilotos suicidas do 11 de setembro. Quase passou despercebido! Isso foi estranho, cara! Então, meus parabéns pro autor desse gesto de péssimo gosto! Isso é que é saber chocar! Eu também lembro de uma mulher desenhando direto sobre o vidro da porta de um dos reservados do banheiro feminino. Pra ver direito, só entrando na cabine. Isso deve ter criado alguns momentos embaraçosos, especialmente na noite de abertura incrivelmente lotada. Eu também lembro de um trabalho com lado A e lado B. Era um daqueles apoios de madeira com rodinhas, tipo parede móvel, que as pessoas usam pra apoiar as pinturas, quando são grandes demais pro cavalete tradicional, e têm dois lados. Vai ver chamam de cavalete, também. Seja como for, o principal é que o cara chamou atenção pro objeto, usando os dois lados dele! E uma noite, acho que naquela que o Círculo do Sol tomou a piscina vazia, teve uma mulher com umas roupas excêntricas cantando um lance de ópera. Talvez fossem só roupas de ópera, eu não sei muito sobre o assunto. Eu só sei que foi sinistro e maravilhoso!
E, se você for até a Lagoa Rodrigo de Freitas, você vai ver umas esculturas oscilantes em cores primárias. São como pêndulos, com um estrutura pesada na parte de baixo, e uma ponta bem alta em forma de remo. A ponta tem a forma de dois remos formando uma cruz, pra captar melhor o vento, e manter o movimento da coisa, como se fosse uma flor de metal colorido se movendo pra lá e pra cá. Esses pêndulos tavam lá durante a exposição, na frente da casa. Eu adoro eles! Por agora, isso é tudo que eu lembro!